
Viajar o mundo, conhecer lugares incríveis, pilotar maquinas maravilhosas, cortar o céu do planeta, se hospedar em hotéis ótimos… vida de piloto é uma maravilha, não é mesmo? Tenho certeza que esse tipo de pensamento passa pelo imaginário coletivo, deixando de pensar no outro lado da moeda, ou seja, as reponsabilidades e deveres da profissão. Será que existe um equilíbrio fiel entre esses dois mundos: prazeres do trabalho e responsabilidades? É possível adoecer exercendo uma profissão tão prazerosa?
Ai você se encontra na DO de um aeroporto qualquer, ou mesmo no quarto de hotel entre um voo e outro pensando:
O quê estou fazendo aqui?
Por que está sendo tão difícil exercer minha profissão? Parece que estou indo a um matadouro…
Afinal eu amo o que faço, lutei tanto para chegar até aqui, tantos investimentos: pessoais e financeiros, uma profissão almejada que sempre me deu prazer e satisfação. Além disso, preciso trabalhar. Deve ser cansaço, escala apertada, fuso horário, etc. Acho que preciso de férias.
Quem nunca, não é verdade?
O problema é quando esses sentimentos não passam, acordar e sair da cama fica cada vez mais complicado, o voo não tem fim, o briefing e o debriefing são exaustivos, tudo fica muito penoso além de um vazio interior persistente. Ai vem os questionamentos: O que será que esta acontecendo comigo?
Os motivos para esse misto de emoções podem ser vários. Mas hoje vamos falar especificamente de doenças laborais, ou seja, quando o trabalho adoece.
Muito além do glamour da profissão de piloto e comissário, os tripulantes enfrentam dura rotina e situações que mexem com o físico e o emocional.
Ficar constantemente longe da família e perder atividades sociais importantes fazem parte da vida de todo tripulante, conviver com equipes de trabalhos diferentes a cada voo, dormir fora de casa, sozinho em hotéis, além de lidar com os desafios da profissão podem causar problemas emocionais.
Além disso, outros desafios da profissão como atender as necessidades e expectativas dos passageiros, lidar com situações inesperadas a bordo, como por exemplo, pessoas com medo de voar, mal tempo, emergências, atender as exigências da empresa, mudanças na escala, etc., também podem causar problemas emocionais.
É… vida de tripulante não é fácil mesmo! Sem dúvida alguma, tem seus prazeres e compensações, mas, quando você sente que esses prazeres estão menores do que os desafios, quando o cansaço, a falta de disposição e sentimentos negativos são mais forte, podendo ser acompanhados de sintomas físicos, sentindo como se estivesse com uma forte virose ou uma fadiga crônica é hora de pedir ajuda. Existe uma imensa possibilidade de estar sofrendo de um esgotamento profissional chamado Síndrome de Burnout, um tipo de depressão laborativa que causa uma falência da energia física e mental.
Existe uma pergunta que não quer calar: como evitar esse esgotamento físico e mental em uma atividade tão rica em desafios?
Conciliar vida pessoal e profissional, buscar atividade e amigos além da profissão, ter uma atividade física, evitar álcool, equilibrar sua vida espiritual, ter planos e projetos para o futuro e procurar ter uma vida regrada fora do trabalho são os maiores desafios que deverão ser perseguidos a bem da sanidade mental.
É mais fácil falar do que fazer? Talvez, mas muitas pessoas, colegas de profissão, conseguem e tenho certeza que você também conseguirá. Buscar ajuda para administrar o tempo e conciliar as atividades é sempre um bom conselho.
Você tripulante transporta com segurança tantas vidas cuidando de cada detalhe com responsabilidade e carinho. Use esses mesmos princípios com sua saúde mental e emocional: segurança, responsabilidade e carinho. Você merece e precisa disso.
Conte para mim:
Como você concilia o trabalho e a vida social?
Espero seus comentários.
Um abraço e até a próxima.
Edna Soares
Psicóloga e Master Coach